Matéria: Enoeventos por Didú Russo
sábado, 30 de julho de 2011
Como o preço do vinho aumenta
Vamos tomar por base um vinho que venha do Velho Mundo a digamos, R$3,60 que seriam cerca de U$2,00 na origem, e vamos agregar toda a cadeia de custos e impostos, taxas, e margens dessa garrafa na origem até a sua mesa.
R$0,30 de Pick Up (significa retirar a mercadoria da vinícola e colocá-la em algum lugar até o embarque).
R$0,05 de Consolidação (significa juntar algumas outras caixas de alguns outros produtores até formar seu container).
R$0,35 de frete "Reefer" (que é o container refrigerado, sim estes meus amigos contratam mesmo o refrigerado).
R$0,42 de Despesas Portuárias + R$0,07 de seguro + R$0,15 de Despachante e chegamos ao sub-total 1 de R$4,94.
Então entramos no Imposto de Importação que soma mais R$1,33 e IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que são R$1,08 para chegarmos ao sub-total 2 de R$7,35.
A partir daí incide o PIS (Plano de Integração Social) com R$0,14 e o COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) de R$0,68 e chegamos ao sub-total 3 de R$8,17.
Partimos então para o ICMS "normal" na entrada (veja que simples de entender...) de R$2,72 e aquela garrafa de R$3,60 já está custando R$10,90.
Entramos então na margem do importador, que varia muito de um para outro. Eu considerei aqui um modesto empresário que coloca 45% sobre a venda, neste caso um valor de R$8,92 (mas é importante notar que este valor inclui 7% de impostos na venda (PIS e COFINS - novamente e mais CSLL e IRPJ) + a diferença de ICMS normal entre entrada e saída) e ainda custos de administração, amostras para o Ministério, depósito refrigerado, divulgação, entrega, comissão de vendas, catálogos, custo financeiro de manutenção de estoques e perdas com produtos estragados. A esta altura, nosso vinho que era R$3,60 lá no produtor, sai do importador a um preço de venda para pessoas jurídicas de R$19,82.
Então, acrescenta-se aí ICMS normal de saída com R$2,23 e a ST (que é a Substituição Tributária, que obriga o vendedor a recolher em nome do comprador 25% sobre uma margem de lucro que o próprio governo estimou!... no caso 67,82%, acredite se quiser...); isso dá mais R$3,36, o que leva aquele nosso vinho de R$3,60 para R$23,17.
Mas os distribuidores, lojistas e restaurantes precisam ganhar e para que eles possam vender o vinho a um preço próximo do preço que o importador pratica para o consumidor final, o importador coloca então 40% de margem para eles. Pronto, nosso vinho de R$3,60 chegou a R$38,62!
Então o restaurante (que pagou R$23,17), coloca na carta a R$60,00 só para arredondar, afinal se o vinho custar barato ninguém acha que é bom, não é mesmo?
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